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quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Pia Batismal

Por Carmem Paiva, a velha cega e louca.

     Pôr em versos o serviço
e a obediência,
                              a alegria
de ser um instrumento, e
a ojeriza de nada poder contra
o mau juízo - é essa a
minha tarefa e o meu serviço.

     Os mundanos apenas veem
minha loucura, zombam de
mim - esses, os que têm olhos,
e eu, cega o que vejo?

     Diferenças entre os homens, é
só o que vejo: uma voz doce, às
vezes provém de mãos ásperas;
                                                      um
toque a uma tez fria, às vezes, revela
um ser alegre.

     Deus fez sua arte tão bem.

     Fora dado a alguns juízo e
medida, e a outros sossego e
zelo
           [e, até aos mais arredios
de fé, amontoou-lhes num cora-
ção de manteiga a leveza e o bom
trato para com seus semelhantes.

     O toque divino é a cura.

     O nome do Senhor, quando pronunciado, vela a vida.

     Quando da pia batismal é-nos
dado o Dom,
                          [e talentos à revelia.

     Quem deles se serve prospera.
                                                          Quem os esquece definha.

     Está ali, ao benzer, afigurado o destino de cada homem,
                                    [a figura a qual irá-se
talhar.

     Amém.

     Carmem

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