Desçam dos morros
Onde mora não gente
Mas os botequins,
E as bocas quentes
Tragam suas armas
E barris de acetileno
Provem do meu veneno
Qu'eu me encontro aqui
E estou sozinho
Desarmado
Sem vir-me mêdo
Mas não mo metam dedo
Pois, alvejarei
Do peito minhas entranhas
Pois que sangrar só?
Se posso falir
Das minhas condições
E levar comigo
Qualquer inimigo
Seja de quais forem
Qu'os fogos estourem
Em todas favelas
E os homens me cubram
De asco
E, a mulher, de panelas
Sou quem vai ao vento
Um triste rebento
Cheio de coragem
Suguei com os poros
Durante a estiagem
Já não mais imploro
Sou poeta de verdades
Vou, enlouquecido
Sou a dita-cuja
- amigo da morte -
Saibo ser coruja
E, guardem-se, ratos
Meros e baratos
Pois meu pio é grasna
Eu sou um fantasma
E ponho a limpo pratos
As suas agruras
Vão as suas juras
Soltas, belo ato
Deste teatro medíocre
Feito do mais míope
O singelo retrato
Nem me mordo mais
Até aos meus amores
Dum antigo metro de paz
Sobraram só as cores
Se assim o é,
esta
Nobre tinta
Antes que me engane
Nada é que sobra
Só o meu sangue!
Se de poeta morro,
Que haja luz do dia
Pois é-se um desaforo
Cair na tarde fria
E a noite, se não ma vier sempre
Serei justo este ausente
A mordaz cor da Lua
Agora, um Titã
Tão livre, tão sã
Que fosse ela só tua
Só então entenderia
Porque na dura rua
Há tamanha covardia!!
Esqueço, sou um passante
Não nego pois o gosto
Mais um visitante
Que um morador pernóstico
Nisto, chamado mundo
Cousa a ir muito além
Se fui, um tempo, o Bem
É de não ter ido à fundo
Nas idéias das pessoas
Pra mim, decerto boas
Outrora, entretanto
Hoje, maculado espanto
Mostra-me muito mais
E, principalmente:
- É preciso ter coragem
Pra encarar toda essa frente
E seguir semear fora
Levantar a cada Aurora
E nem ser um descontente
Que de broco ninguém gosta
Ou sequer dele se fala
E, ameaçado à bala
- faço-te confidente -
Não sou o mesmo que cala
Perante e inocente
Agora, hora é hora
E todo instante é vida
Eu sempre na corrida
Eu vivendo a cada hora
Pelo que peço é pouco
Só não quero ser louco
Pois muito perderia
Da cousa toda do mundo
Que chama-se loteria.
Pedro Costa
Blog estritamente com fins literários. Peço,por meio desta, aliás, exijo os direitos sobre tudo o que está escrito. Sem brincadeira, respeitem o espaço, para evitarmos complicações judiciais. Agradece, Pedro Costa.
sexta-feira, 2 de março de 2012
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