Blog estritamente com fins literários. Peço,por meio desta, aliás, exijo os direitos sobre tudo o que está escrito. Sem brincadeira, respeitem o espaço, para evitarmos complicações judiciais. Agradece, Pedro Costa.

domingo, 31 de julho de 2011

Ojeriza

Não posso escrever mais poema
Estou velho e decrépito
A imagem no espelho condena
Não posso erguer mais o séquito

Se assim se esvai toda poesia
Ser eu um pensador é melhor
Que viver uma mesma agonia
Não quero mais seu pendor

No que ser Louco vingou
Na estrada breve - essa da vida
Sem piedade mo acabou
Sou - hoje; alma perdida

Qu'entre bosques triste caminha
Sobremaneira casto, cabisbaixo
Sem nem sequer pensar vizinha
Esta minha sina sequer é despacho

Duma época onde outrora vivia
As querências podendo o sonho
Servir desta moda um banho
Para lavar tão imensa ferida

Esta que foi-se em poeira,
Ouvir uma roga que prega
Coubesse até a videira
Combalir perante esta cega

Vontade de já não ter vontade
E deixar-me aquietar a um canto
Certo de mim a bondade
Parecer um antigo encanto

Já sem percalço ao nem crer
Sossego em minha monotonia
Vejo meus olhos a esconder
Dos outros uma breve mania

Aquela que foi certo dia
Querer da poesia a tristeza
Qual um tonto sem querer queria
Deste vasto mundo a beleza

Tempos outros já não presentes
À mesma tardinha dementes
Os pensares vão a pesar-me
E qual viga pesada um alarme

Diz-me do fim do meu tempo
Agora devo às novas gerações
Descer do meu calmo relento
Para queimar-lhes seus corações

A lívidos ainda baterem
Não muito certos ainda
Mas por um certo se serem
Alma que à lida anda linda

Sei tarefa esta quão dura
Passar pra poeta insegura
Esta alma qu'a uns escolhe
Para dentro dela que tolhe

Tanto o penar quanto a ida
E que nesta mesma medida
Faz de seus detentores
Dos futuros poetas mentores

Foi não doutra maneira
Vivida esta dor de escondida
Consciência há muito perdida
Da paixão ardida em fogueira

Ida assim minha juventude
Deste modo qu'esta ao menos ajude
Poetas vindos da casta
Nobre dos mesmos que gasta

Tinindo na posse do Bom
O Bom passado ao semelhante
Guardada naquele instante
Na veia onde corre o avant


Então só resta a mim esta prenda
Duma Voz altiva quanto horrenda
Do Deus que faz do poeta
Sua forte arma predileta

Para ao mundo encher de cores
E dalgum modo esconder tais horrores
Pois qu'estes pertencem só ao artista
Dotado de Força e sem vista

De perder a razão - mesmo a vida
Em amar sua Arte querida.

PetreCostal

37/07/2011

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