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quarta-feira, 6 de abril de 2011

Posso ser mesmo essa pessoa
que vocês pensam que sou:
ave de rapina em pleno Vôo;
bicando versos num barco, à proa

Que partícipe dessa espécime rara
-- dos humanos, poetas e artistas --
dos circos: mágicos, malabaristas;
da vida a tribulação mais cara

Posso mesmo ser um reles vegetal
bem nascido duma única semente,
ou, vai ver, sou somente gente
querendo ser mais do que seu capital

Ou, por uma bênção, um bom intelecto
direito por natureza, um esperto
que anda ao seu esporte dileto
cair aos pendores do séquito

Como cai a chuva sobre os tetos
ser uma gota no incessante aguaceiro
ou ser aquele homem, o primeiro
a levarmo-nos todos aos abertos

Caminhos deste dom: o conhecimento;
calejo dos seus grandes caçadores,
pois que fiquem ciente, estes castores
que diques fazem no extremo contento

Para represar qualquer forma de saber,
esses ditos bebedores dessa fonte
se ficam por cima e algo distante,
o que percebem é o conhecer

Mas pensar muito e fazer pouco
é demais até pra o mais forte
do seu dom faz sua própria corte
e ser o que é torna-se pouco

Toda verdade há quem o seja também
apenas não vá-se muito ao longe
que espera-se mesmo dum monge
cair na realidade quando convém

Posso ser mesmo isso, e muito mais
do que conhecemos nós, os animais,
letrados pois aí está nos anais,
sermos a égide do pensamento sem paz

E a paz mesma serei eu num momento
enquanto feliz a mim aponto meu dedo
enquadrando-me feliz mas com medo
de a Felicidade, esta Má freira, q'entanto

Faz de seu hábito Bom o de maledicência
até posso ser esta figura que vai além
a falar de freiras qual de ninguém
e, no lugar de sofrer c'á indecência

Presidir ser escolha apenas minha
ser o que for neste louco mundo
partícipe da roda mais giganto, o profundo
segredo de viver equilibrado na linha

Alguém sem caráter, moço só de vontade
por em pratos limpos a minha querência
mas a fazer, sem prenda, uma reverência
aos que vão longe, a poetar com verdade.

Petrecostal

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