por Carmem Paiva, a velha cega e louca.
Quando verte a noite,
cai
soturno o negrume
e a abóba-
da cinzenta inicia o
prelúdio
das coisas sombrias
que
[há sob o céu,
a lua chora seus raios pálidos
e o mundo grada entre o ocaso
e o nascimento da escuridão,
Ó, Senhor -
quase, eu mesma, de quem
a este respeito só pode reter
[(num sentido
abstrato - pois sou cega)
a
impressão,
quase morro lembrando da
minha juventude ora tão
vespertina; doirada como o
fio da tarde
[(ida sem consolação)
mocidade quem fui um dia;
debulhando, entre os tesos
dedos aos calos, numa oração,
[pedidos pelas
criaturas frágeis e sem cuidado.
As tenha, eu rogo, ao meu
Senhor.
Viro-me noite,
velas acendo, defronte à imagem
e profunda é tamanha a minha
loucura -
Levanto de meus joelhos
dobrados,
opero o sinal da cruz
[(e, noutras noites,
doutras vidas quando podia ver)
assombrada pelo cansaço, e
remida pela beleza.
Ó, Cristo!
Dai-me a tua Paz.
Vou à igreja, é já hora.
Carmem Paiva
Blog estritamente com fins literários. Peço,por meio desta, aliás, exijo os direitos sobre tudo o que está escrito. Sem brincadeira, respeitem o espaço, para evitarmos complicações judiciais. Agradece, Pedro Costa.
sábado, 8 de abril de 2017
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