Blog estritamente com fins literários. Peço,por meio desta, aliás, exijo os direitos sobre tudo o que está escrito. Sem brincadeira, respeitem o espaço, para evitarmos complicações judiciais. Agradece, Pedro Costa.

quarta-feira, 8 de março de 2017

Sujo na Cidade

Em meio a árvores
de nada compostas,
só são desfalques
copiosas mentiras
se apagando à medida
em quando subtraem-nas
dos galhos e folhas
e nenhuma nervura sequer
fica ao tronco despido
à copa invisível --
em meio a tanto,
no paço discreto
o naturalismo surdo
de mendigos ergue-se:
                                          suas barbas 
                                          imundas
destacam-se da
                                          face crispada
e ameaça pegar fogo
se há uma faísca;

                                          [e haverá faísca
no mundo que não os fira
o rosto; raspe do mapa sua
barba e afogueie os pêlos?

Duro chão sem lembranças
brota na cidade
quase um acidente
no meio do dia: sola
de sapato presa num
vão da calçada.

Mercadoria roubada
corre entre as mãos
                       [(e passeia
nos ônibus)
entre brilhantes e correntes.

Preso corre à solta
e escapa das autoridades:
                      [manchete de jornal.

Lodo convicto e concreto
armado: é ali o meu 
trabalho.

Tec-tec-tec

Foi mais um dia.
Não há energia à noite
em meu corpo.

Só há um corpo.

Até onde a vista
alcança eu dormirei está
noite -- dormir é um
desafio mas se dorme assim mesmo.

Petrecostal

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