Blog estritamente com fins literários. Peço,por meio desta, aliás, exijo os direitos sobre tudo o que está escrito. Sem brincadeira, respeitem o espaço, para evitarmos complicações judiciais. Agradece, Pedro Costa.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Frio (Chills)

Estou com frio
E leio um livro.
Está tudo aqui,
Sinto-me pleno
E a leitura me convém,
O frio também; pois
O calor das ruas
Me consumiu.
É terrível se dar
E nada ter em troca,
Mas é a única maneira
De não ser baixo; é certo,
Tenho a honestidade em mim
Como um imperativo categórico.

Abaixo de mim as toupeiras
Cavam cada vez mais fundo
E, abaixo da superfície, o
Underground.

Acima de mim, picos gelados
Onde voam anjos assexuados,
E, pelo alto, servem seu Deus
Ajudando os homens;

Homens como eu, no entanto,
Já estão salvos porque nascem
Condenados e por isso só olham
Para baixo sem serem baixos, é
Porque é só para onde podem olhar
E é tudo o que vêem.

Eu sei.
É pouco, mas é o que tenho.

Às voltas comigo
Neste frio, eu penso
No mundo abaixo;
Ele existe como dor
E eu tenho vontade
De pescar os de lá;
Trazê-los para a superfície
E, talvez, eles pudessem
Voar acima de mim
Nos picos gélidos e ao
Lado dos anjos, e eles
Me abençoariam por tê-los
Dali retirados, e, finalmente
Eu poderia olhar o céu,
Fitar os anjos e Deus.

Ou descer fundo ao poço
E sentir os calafrios
Das almas perdidas [chills..

Doce ilusão.

O frio agora é que me
Consome, e acima é abaixo.

Petro

Nenhum comentário: