A balancear o tempo, alguma hora
Desperta no sotavento uma memória
Nesga, a fímbria pútrida em mil feixes
De uma lua, ilumina o lago - vejo peixes
Na eterna escuridão, sombra inodora
Do ser-me tão inconstante qual vigora
Sobre meu tecer-se do ímpeto momentâneo
Dum sapo bem feio vai ao lado o ar cutâneo
Que, às margens do lago, contornam a derme
Num coachar frouxo, uma fábula que s'espreme
E das vacas sacras sobre seus cascos fendidos
Uma lume de vaga-lumes ao negrume escondidos
Mais da natureza, ali, o minério fadigado
Dos ombros maestris de garimpeiros ao regado
Ao imemorável sulco das pedras moram
E por cada grama encontrada oram
Estes, outrora escravos, uma classe
Do berço, da negra nau, se revoltasse
Viessem despendidos por lei de mesmo vate
Por ouro leva nome a mesma lei que mineraste
Soluços de uma meia moita madrepérola:
Uma boa moça vai-se entregue na degola
Prescrivo cá, valores, sesmarias
De noites sobre a relva, cada quais mais tardias
Trame, vós quem sois, ao teu tribulado píncaro
Este, quem se soube, foste de ti o Ícaro
De por em lauda livre a imensidão de que então me tomas
Por mero corrido, laborado no devir à camas
Cá o meu repouso neste mais deserto, choras
A lágrima dançante no puir das horas.
Petrecostal
Blog estritamente com fins literários. Peço,por meio desta, aliás, exijo os direitos sobre tudo o que está escrito. Sem brincadeira, respeitem o espaço, para evitarmos complicações judiciais. Agradece, Pedro Costa.
domingo, 6 de outubro de 2013
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