A noite veio-me um ideário, e assim, verte-lo-ei: alturas em sombras o espírito da noite - véu que cai - é em diferentes estares concorrente das demais horas do dia, ela pede por si enquanto, a morada do sol poente, tal o chamado assim crepúsculo, revela; a noite, cobre. O raiar auroral inicia um movimento (muito embora comumente pense-se o justo oposto) de luto; é um prenúncio de morte atento a cada pílula tragada em labor, pois que é no claro onde vemos, sob as instâncias das cores, mais incisivo a finalidade da matéria. Positivamente, os debaldes noturnos financiam a prosperidade da raça humana, é onde dão-se seus clarins e sua glória; apetece-se mais o desejo da virtude obscura que traz, e, requer um sobreposto ao sol que arde, uma reverência por um deus nascido sob clamores e empáfia; mergulhando em adeuses a carência do homem, uma melancolia atiça um brasil então submersos das protelações às quais lançam-se, os desafios. Onde há treva, há mais ocasião, o verbo estrapola desapregoado para mais e mais intensas hajam as relações. Ronde um quarteirão à noite, farás amizades onde no percurso atribulado da matina, por ventura se sobre-se por aí tempo livre, nem cogitarias; efusivo é o calor nas urbes aos corpos vagueantes de quem a hora para danar os problemas, ao embeberem-se a alcoolismo - o teor noturno é deveras etílico -, aí darás mais a mão que enquanto vertidos à batalha do pão diário. É a noite o amor contido dos poetas; a lua, sua peneda mãe; o álcool, o anjo preterido; a rua, sua casa - quem já demais profuso é a estes, renova na penumbra solícito sua escusa maior -; os bichos, de maioria, os gatos, seus amigos particulares, e, o devaneio, sua filosofia; sempre à noite. As cartas jogam-se, tarô, entre os escaninhos ciganos e, sabe-se muito bem, à noite ama-se melhor e com mais saúde. Outrora quisto merecer a tanto, o homem diário o repele ao encargo e mata-se por uns trocados - pobres diabos!, se portanto também à noite podem um pouco mais em seus lares com suas mulherzinhas, as crias e um cachorro atrás de um osso -, projeto de vida este tão díspare ao dos notívagos, este clã abjeto desamparado vertidos à contundente miséria da danação. Vendedores de causos com que ganho meros brocados para a tenaz denteada lâmina: seu instinto, o qual o banham em mais álcool, e, se para alguns lhes sobra a paciência, cogitam um ou dous tecidos em versos: mais; elevam à categoria dos filósofos o pensamento de aparências com quem batalham viver noturnamente. Bradas!, sem rumo.. Então dirão, e, sem acrobacias é que verto a noite, como vêm-me, e sempre um pouco mais. Alívio da onda nova se-me faz este pesar, antigo va pareço, noviços e neófitos pois que entendo do que falo: percebei! Notai a minha coerência em pensar tanto apenas quando já a mim dou-me noite, pesadas as horas do dia e da tarde, se eu acolho apenas escuridão, talvez porque é que sou luz. Andarilhos da trova comum, o negro na filosofia é hoje sem rebentas; é o coração pútrido em embalar este ideário. Quando sim, outrora eu altaneiro verti pus, doente da noite a residir em mim qual em palavras vão feito vermes as minhas modestas sensações; é para isto sem dores que sirvo. E para a noite, um pouco mais.
Petro
Blog estritamente com fins literários. Peço,por meio desta, aliás, exijo os direitos sobre tudo o que está escrito. Sem brincadeira, respeitem o espaço, para evitarmos complicações judiciais. Agradece, Pedro Costa.
quarta-feira, 30 de outubro de 2013
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