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sábado, 14 de setembro de 2013

As Roupas e o Vão

As roupas, presas ao corpo
Ainda não dizem nada
Uma vez, comportadas, na
                                              [alma
Não vestem só o sujo
Mais, talvez, às intenções
Surdas por uma porta batida
A ecoar - as duas compradas
À intencionalidade - pois
À que bateu, sucede a segunda
Próxima ao quarto, ao vão.

Sortidas como biscoitos,
Jogadas pelo apartamento;
Não são mais roupas!
São dous corpos nus aos resguardos
Dum quarto dantes vazio.

São a sujeira das malícias
Segregadas do mundo.

São segredos de portão.

Vão.

Pernoitam, jogadas e
                                      [desamparadas
Uma cálida luz branca lhes
                                              [envolve.

Soube-se de um grupo de deuses
Esconjurados que moram aí,
Nas crisálidas amontoadas
Das mudas de roupas pelo chão.

Comiserados, compadecidos:
Enamoraram-se, sabei-lo -
De partidos corações vadios
Donos de uma intenção;
Guardam nas roupas espalhadas
Pelo vão das horas um cuidado
                                                     [salutar.

Morrem por uma única convicção,
A saber,
                   [vãos tumultuados
de roupa íntima, morte sublime
na madrugada - no peito arfam
e resfolegam e gritam -
pelas roupas desacochoadas,
amontoadas velam.

Sabemos pouco deles.

Mais de que sabemos estes
                                               [restios,
Farsa da paixão - só um lamento
E somam-se os corpos numa
Mesma volição.

Preguem estas mudas a um varal!
- Repetem -,
                         sê-lo-emos
roupas: amontoadas e desacordadas.
Quem cá esteve, não mora mais aí.

São só roupas - mas miram
                                        mentiras;
brigas, carinhos, maturidade.

Petro

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