Estivera, por um pouco, cansado. A subida até o ponto mais alto da torre fora exaustiva, estando lá mais queria era olhar para baixo e ver-se distante; dos problemas, das pessoas, da vida. E para o chão olhou aturdido; tudo pequeno àquela altura, ele grande. Sufocou o medo perante lugar tão basto que é Paris, quantas luzes incendiavam a cidade! Ao cerco, um grupo de turistas falando em idioma robusto; pensou fossem árabes, à cor da tez e às moçoilas cobertas, um ou outro como ele passa ali só ou em casais nunca tão apaixonados e o vento forte soprou sua lufada mais poderosa... Sonho ou realidade estar na famosa Torre Eiffel; perguntando-se - envolvido no calor do verão, vilipendiado - então sem dar cabo da resposta, e um sentimento sereno desembocou em si, perplexo mirou fixo o olhar no horizonte e repentino, uma solidão devastadora o tomou da alma a perspectiva da própria vida não dever ser mais daquilo. Ventou ainda mais forte e pôde sentir uma carícia na nuca a fazer um arrepio percorrer-lhe a espinha; subindo ao coro cabeludo, eriçando cada pêlo - a hora do crepúsculo pousara sobre Paris e seu violáceo permeou o céu e tingiu à escarlate e uma tímida lua apontou acima de sua cabeça, espantando-o de sua introspecção. Mais bela ainda, a cidade entornou como vinho o já gradual negro tingir da noite que chegara. Os turistas e algumas damas sem par restaram em sua companhia por mais uma hora, os casais parcos já nem se via, provável que estivessem recolhidos aos andares mais baixos para darem-se aos amores vãos da juventude. Ficara, todo esse tempo, embevecido da paisagem parisiense. Determinado, pôs à chama um cigarro: ponteiro de lume na escura Paris; não havia razão para sair dali agora, mesmo que estivesse sozinho, e, até que um policial o indicasse o fim da permanência para visitantes, ali ficou, impávido e feliz. Logo, descendo andar por andar, fez-se um pensamento de traquina e o acusou vagabundo; o cigarro jogou fora, descendo do elevador enfiou as mãos no bolso, ainda estava quente. Uma brisa amiga amenizou o calor por ora; com pouca visibilidade andou por umas ruas escuras só. O rio Sena a algumas quadras dali, e sem demora outros transeuntes andaram com ele até a porta do hotel. Ensimesmado com o fim do passeio percorreu o lobby cabisbaixo. Ao bar permitiu-se um drink. O barman, velho amigo, inquiriu: - Vejo que não conseguiu... Ao que ele responde: - Amanhã tentarei de novo, mas só que não em Paris. E o comparsa: - Se quiser, tenho uma arma comigo. É antiga, mas funciona muito bem! E ele: - Não. Não há como matar-me em Paris, amanhã tentarei em outra praça, talvez Londres; mas o certo é que não me verá mais aqui.
Petro
Blog estritamente com fins literários. Peço,por meio desta, aliás, exijo os direitos sobre tudo o que está escrito. Sem brincadeira, respeitem o espaço, para evitarmos complicações judiciais. Agradece, Pedro Costa.
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
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