O híbrido: À tentativa de sustentação de um sonho, vingara por muito tempo, o homem moderno num meio cultural inóspito entregue às agruras da ciência e influído pela História de seus antepassados. Ao criar, no gênio de uma civilização inteira, uma ideia que se sobrepusesse a tal idílio, fincara como a uma fenda, os entornos a muito o incomodarem, partira daí o prelúdio de uma convicção estendida por todo canto no qual ele mesmo encontrara-se, a de saber-se incompleto para seus desígnios. Nascera daí uma necessidade premente de afirmação e conjunção com uma natureza adversa, da qual vira-se parte e inteiro com ela a um só movimento; pensar este infortúnio inevitável ante a grandiosidade de um Universo não explorado por completo, passara a ser de interesse fundamental para sua formação humana; de então, este ser incógnito, formado da sustentabilidade do ambiente em relação à premência dum desenvolvimento civilizatório tornado catastrófico, passara a precisar mais e mais do substrato do intelecto que, amalgamando-se a prazeres pueris, dera origem a um novo fazer artístico, complementar e final às diversas formas anteriormente implementadas e sacralizadas por uma Vontade arcaica, moradora de si mesma e antiga independência do imaginário, não apenas do homem, mas de levantes estruturais a conterem em seu âmago, um paraíso distorcido em pragas e leis estamentais imutáveis, isto, em função da prevalência sobre sua cabeça, de um princípio Anterior ao qual dera-se a autoridade máxima de autarquia Criadora, sendo levada a humanidade inteira a velar por sua consistência e prezar por sua familiaridade. A esta fímbria do modernismo, este prólogo ignoto da civilização burguesa; ao entreposto do cogito ergo sum e da iminente filosofia romântica, este sonho antecipatório - prelúdio do além do homem - reverte e ausculta do túmulo as Antiguidades grega e romana, à volta dos deuses e à presença de uma auto-intitulada ala ateísta, serão propagados valores morais adormecidos que, impossibilitados de renascerem em seu ideal catatônico, em espiral ressurgem tendo como principal consequência uma severa fratura de ordem religiosa. À ala dos poderes positivistas e do capital insurgidos de um entre-tempo providencial, as imberbes gerações seguidas são entregues (entregam-se, também) a tal sonho; o mais libertador entre todos eles, onde arte e cultura de massa passaram a delimitar as proles dos antigos; enveredando a humanidade de uma ocasião mais propícia ao enlevo do espírito e ao desdobramento do caráter. Severa e destituída de reformas, a atual praça civilizatória é o terço rezado à conta de uma juventude exploradora mas que já esquecera das origens. Túmulos abertos, encenações de banalidades, despojos a olho nú, nosso século é o do novo milênio mesmo as estapafúrdias ignóbeis incisões no sentido de refratar algo do turbilhão desinformativo assimilado a cada segundo resplandece um animal destemido porém embrutecido, um ser capital e inocente quanto aos mistérios do pensar; a esta incumbência uma entronada pasteurização de todo conteúdo do produzido à guiza de engrandecimento é relegado a um esquecimento precoce; ao vaso duma rara flor a qual nada nutre-se em cuidado, que uma vez arrebatada, precisará mais um milhar de anos para reaparecer. E é recorrendo neste grave erro que vaga desertos sem conhecimento para o céu e as estrelas, aí, sem que o saibam, para dirigir-lhe caminho; entreposta a casta da minoria a um tiro de desespero a nunca acertar diretamente o alvo; sonho este de profetas bíblicos mas supostamente decepcionariam-se caso lhos dessem os termos, as condições por quê foram sonhados, às precárias condições, os proféticos à inspiração dum Deus morto; entenda-se o trabalho imposto, o suor empreendido e o sangue derramado, a quintessência implicada ao valor humano despejada agora em latrinas de um Amor corrompido e desapegado. Àquelas lendárias perspectivas, àquele povo de outrora, nossas sinceras condolências; o híbrido - ser de várias naturezas - e aos seus olhos de águia e força dum urso, triviais destratos remanesçam-lho ao ego destituído de um tempo todo seu, espera-se ansiosamente a sua volta.
Petro
Blog estritamente com fins literários. Peço,por meio desta, aliás, exijo os direitos sobre tudo o que está escrito. Sem brincadeira, respeitem o espaço, para evitarmos complicações judiciais. Agradece, Pedro Costa.
sábado, 17 de novembro de 2012
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