Blog estritamente com fins literários. Peço,por meio desta, aliás, exijo os direitos sobre tudo o que está escrito. Sem brincadeira, respeitem o espaço, para evitarmos complicações judiciais. Agradece, Pedro Costa.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Cocaína

     Mesmo este respeito pela
folha em branco - ditadora -
ela ascende e faz-se maior
do que eu.
                 Sobre este indeciso
pesar, a ora bem me fazer e
ora o mal, é o incômodo e a
sua indeferência meu maior
problema.
     Doença sem cura de
                                     [perversão
     Interiorizada em uma
competência: a de fazer-se
presente enquanto calamitosa.
     Dói-me o punho retesado
ao esforço, o quase cansaço
e é minha a indolência ao
que escrevo sob catártica
imponderabilidade de medidas.
                     Em verdade, mal
sei o que faço!
                        De tal modo
não sei eu mesmo eu ser verda
deiro ou não...
     Faz-se o sopro por minhas
narinas, o corpo aquesce-se
por dentro e sinto ter eu
                                     [barbatanas.
     Daí, morre-se a cada
segundo; feito um velho a
relutar..
     Então, qual febre, queima
dentro o pensamento ligeiro.
                         Ele passa...
     ...
                          Tamanha rapidez
é o pensar..
                           Que passa
                                           [também.
     Soube da cura para tanto:
aspirar uma pocinha d'água
por as mãos em cuia; mas
do remédio, sua profilaxia
- a da doença -; no seu
possível, ser mais recomendada,
mais palatável quanto exigida.
                             E quem o cura
a este doente, se o que quer
é permanecer moribundo?
     A natureza ali se esconde
- na doença; não no remédio
e já é natural ser triste,
                             Tão natural...
                              E triste!
     Pois eu sou triste e isso
é-me tão somente natural:
                              Mas em que
isso implica?
                   ...
                                       em que?
     Súbito as narinas ressecam
e, co'a ponta do nariz verde
eu sou o sinal de que é
permitido prosseguir.
     Em quais sentimentos vive
o sentimento mais arisco, e
veloz e proibido!
     A uma prole destes eu
vingo meu terraço vazio
chamado agora o meu coração.
                              Ele é sem dor
e dormente vive, e pulsa
quase só por pulsar...
                                               As
veias pululam à hora da labuta;
     Os dedos mos tremem e
no lugar d'escrever, desenho:
                                 Letras que
formam palavras que formam
frases formadoras de formas.
     E o frio!
                 Ai! O frio me
inquieta: preciso mais!
     Recomeço no prelo tão
atrevido e capaz como jamais
antes o fora;
                    Sinto ser eu
quem é!, quem, simplesmente,
é o que é, sendo assim...
    Sendo assim uma pulga inquieta;
inseto movido a música e mágica e
mesmo motor.
                      Quisera fosse
só o agora!
                  Ou, fosse-me a
um outro que ser - somente
ser - dói,
               outra carreira..
     Vampiro, vago alegre em
mil moldes de mim mesmo,
em tonéis de cachaça em
erva e em pó!!
                       Estou
                                 [alheio,
pois só poderia ser dessa forma.
     Cresce-me a vontade de
parir (como rapariga) um re
bento inquestionável em
grandeza, mas só dou à
luz loucura.. Portanto, mora
uma certa pieguice em
minha obra, conquanto relute
e relute por sobre a escriva
nhia...
     Só o cigarro - este cigar
ro - entende! Mas é o bastante.
     O é! e não é, pelo sem
pre querer um pouco mais:
pouco mais de vida; pouco mais
disso que'é esta euforia louca do
desvanecer-se.
                       Enquanto outra
linha...
                  Enquanto outra morte...
    Enquanto outro poema...

Petrecostal

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