Na tarde vadia, o tempo parou
E a Alma qu'é minha, em suspenso
Com o tempo se fez e restou
Para a mim ralhar ao censo,
Todo vermelho tardio, aprumou.
E da mão que dormia, a paciência,
De todos, sabida esta maior ciência,
Num vão, de repente, evaporou.
Quando, cheio de vida, empurrei
A tinta à folha branca em papel,
E, tropeçada, resvalou à Vontade,
Num meio de dedo onde vai-me um anel;
Sobrou-me inspirada uma liberdade,
Que decerto, se não outrora fez,
É de só agora, neste fim de tarde,
Bem calma e passada toda tempestade,
Resolver-se pintar como vai o artista,
Empunhando da cor brilhante ao pincel;
Fazendo-se escrita uma pedra ametista.
No meio do caminho, é de ser, contista
O veio que à meio caminho é tonel.
E, completo, encharcado em bebida,
Rogo esta prosa qual arrependida;
Rasga-se em versos de muito prezo.
Sozinha como o mais imenso do universo;
Cobrindo de cor o que foi seu inverso.
Da prosa contida vejo sair endeuso.
Um híbrido miúdo agora mesmo nascido
Na folha qual um ente demoníaco:
A brasa da cinza, dom do maníaco;
Uma prenda agourenta, e um certo vodu
Da ponte feita entre mim e meu prisma.
Não é na matemática, ou, num louco sofisma
Que vai o quanto já foi este meu ser tu.
Petrecostal
Blog estritamente com fins literários. Peço,por meio desta, aliás, exijo os direitos sobre tudo o que está escrito. Sem brincadeira, respeitem o espaço, para evitarmos complicações judiciais. Agradece, Pedro Costa.
quarta-feira, 28 de março de 2012
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