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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Meio Cego e Meio Doido

Meio Cego
E
Meio Doido

A Roberto Gomez Bolaños

    Para encarar de frente os problemas, eu adoto a seguinte tese; é preciso ser meio cego e meio doido.
    Doido para não levar-se muito à sério, pular ao cerco do ridículo, rir do próprio riso e de si mesmo; saber improvisar a doidice mesma, metendo os pés pelas mãos para dar um jeito, arrepiar-se da moral ( perdão, mas não sou demagogo, sou doido, isso sim ) e para encarar os problemas com humor.
    Ser cego para não entrar em enrascadas ou riscos irremediáveis, não ver a morte com bons olhos ( mania dos filósofos, até dos mais requintados ); cego de paixão por uma mulher, uma arte; a ponto de perder o sono cego de dar dó achando ter achado a perfeição no mais humano; para parecer-se de bobo de quando em vez e para não desesperar vendo beleza onde não existe.
    Lógico, o pesar sempre há-de existir; a culpa, o sentido do Nada avassalador, a Chaga e a velhice que precede o fim da carne.
    Mas também é tanto certo o mister de sermos espirituosos, elevados, sábios, destinados à grandeza e imortais enquanto vivos. Deste modo não impresso fórmulas; longe de mim - reles mortal - querer dar voz à Verdade ou sequer ter a prepotência de disferir verdades minhas como universais. Prometo não importunar ninguém com isso, nem a mim mesmo...
    Da cegueira serve-se para, mesmo, ver! Olhem o caso do ser que, ao sair da Caverna de Platão, foi primeiro cego perante à luz; e, só pôde observar à priori - e na noite - as estrelas para só acostumado suas retinas forem para dar-se ao luxo de por fim, ver: e o que viu? O mundo!
    Se eu nunca falar ou falasse nunca da loucura, podem mandar-me prender num sanatório: devo estar louco. O louco não é ( sempre ) esse doidivanas a relegar sua sanidade ao obscuro - ao contrário - é aquele que é tão são e tão somente sóbrio ao ponto de ser diferente e, por esse motivo, ser tachado por louco. Mas ele não é assim; vê-se, enxerga-se pleno em saúde mental, os demais é que não entenderam!
    Então, doido e cego. Um pouco de cada faz-se descer de apoteose para o maravilhoso do acaso, do feito sem querer, querendo.

Pedro Costa

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