Blog estritamente com fins literários. Peço,por meio desta, aliás, exijo os direitos sobre tudo o que está escrito. Sem brincadeira, respeitem o espaço, para evitarmos complicações judiciais. Agradece, Pedro Costa.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

- Sem Título -

Um quadro como este
meu, um espírito fraco
Desvanecido impropério
de uma melancolia sem cura
Estágio mais elevado
duma mordaz loucura
É deveras insipiência
de um devoto arcaico

Em algumas horas o
meu coração palpita
tanto
Qu'observa o outro
com um brotado espanto
Padecer Minh'Alma
dum afogo bem grave
Uma sístole massacrada
e a diástole em trave

O ar foge-me dos
lânguidos pulmões
Meus olhos só enxergam
algo de clarões
O movimento dos mem
bros vai já caquético
E o qu'espera da vida
é um bálsamo anestésico

Do fundo desta rede, só
o passar da lua
A, na altura, ser úni
ca cousa nua
À qual minha libido in
da apetece o prazer
Eu leio profundo um
livro já sem nome
Esquecido mudo do meu
lado, e dorme
Ainda por ser termina
do, e ver
Qu'o seu leitor é uma
branda candura
Do sentido de sobrevi
ver ainda em procura
De, mesmo queimando a
mais tenaz das febres
Da sua envergadura -
moral - a qual celebres
Tu que lê comigo e
nesta vã doença
Ainda queira algo de
mim: a dignidade
Tão aproximada de uma
vontade duma verdade
A qual brotou em mim
no dia já de nascença.

Levo esta sina para o
leito de morte
Sou eu quem sitia o des
velo so instante
Em qu'a minha pulsação
vai breve e inconstante
E na qual mora em
arredores minha futura
sorte

Um copo com água ao lado
já diz bastante
Fala de seu sedento dono
estar distante
E o largor desta dor
que é bucólica
- tamanha sua latência
que verve sobre a gente -
Feito uma vasilha dum
líquido bem quente
Está a queimar por
dentro e é quase cousa
cólica

Vou vivo inda por pouco, mas
insisto na labuta
Sou eu a quem mo devo o
maior querer saída
Deste estado para a
saudável vida
Para tanto preciso ser -
corpo e alma - só uma Luta

Acaso venha mesmo acon
tecer o meu pior
Rogo aos tristes poetas
que por esta terra inda
vão vastos:

Limpem esta minha cor
que foge aos alabastros
E roguem um lindo ver
so para quem deu o me
lhor
Assim, tudo o que sobra
deverá serpentear
Pela planície inteira como
um broto de alegria
Esta flor capaz, a limar
em poesia,
E o meu busto em paz
para meu nome emplacar

Pode parecer soberbo este
meu último pedido
Como deveria ser, então,
digam os bons
Se tentei pintar a vida
até de tristes tons
E se sou eu mesmo uma
alma preferida
Dos verbos, das palavras,
às cantigas dos mais ve
lhos
Os que mo procederam
e aos quais guardo relevo
Em linhas lidas até nas
pautas dos cegos
É com estaforça que
eu espalho meus mistérios
Para bramir na pátria
dos galegos
A antiga  poesia dum
latino negro, devo.

Petrecostal

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