Blog estritamente com fins literários. Peço,por meio desta, aliás, exijo os direitos sobre tudo o que está escrito. Sem brincadeira, respeitem o espaço, para evitarmos complicações judiciais. Agradece, Pedro Costa.

sábado, 13 de agosto de 2011

O Espírito que Dorme

Existe em mim um espírito que dorme e a qualquer
momento pode despertar.
                                     
                                      Trará para o seu caminho,
tamanha resistência, tal demônio, a tal modo e tanto
forte como calmo - deverá assustá-lo ao princípio;

                                       Quando estabelecido
também dividir-se-á em dous caminhos: um o
do Sonho, outro, o da Vontade.

De um feito ao subsequente, Ele porá a prova
tua força - em desejo, esmorecerá; sem agir
alucinará e embebido em Loucura, procurarás
no Fogo um Irmão.

                                        Pode ser desta Ventura
a ti pertencer, como haverá d'alguém ser seu
recipiente para formar consigo força antes jamais
vista sob olhos meramente humanos;

Destina-se ao querer da volúvel e ímpia Verdade
trazida à Terra, sua Forma de quimera,
 
                                          Doutra Praga, dizer-se-á
dele a própria Natureza; quantos querubins não
almejaram tal Poder - por puro e inocentes eles
sejam;

Pois que é o Bem sua Sina, e de revelação passará
a apocrifia, subjazendo ao Gênio da Humanidade.

Quanto menos não fará, nem será breve nem extenso
e pertencerá a Seu próprio Tempo:

                                            Sei, se vai, não retorna,
é vivo em prontidão; congelado, derrete com ardor                                
doentio a camada gélida que o consome, e, cheio de
Pavor, causa asma ao Mundo...

                                            Conquanto respira,
traga aos pulmões uma melancolia subjetiva e bafora
êxtase e Salvação,

                                             É o espírito que em
mim dorme o pungir das cousas belas; fulô, rosa
cândida, nele acordam para a Vida:

Vindouro, estabelecer-se-á!

                                             E, ao Cântico dos
Cânticos, provocará Fome em quem sente Inveja -
tão desmoronar-se-ão os flagelos qu'outra vez mais
suarão por que permaneçam duma golada do Ser
Eterno.

Ainda assim, não combalidos portentores da má
insígnea do Agouro arrebatador, sobrarão sua
pena e seu perigo apenas feito vestígios,

                                              E amar-se-á,
entre o seio da Morte e o âmago do viver,
amar-se-á eternamente,

                                              Isso sente!
                                              Isso sente!

Concordarão os humanos em presenteá-lo
todos os anos com a corrente do Sacrifício,
já vindo pelas preces nossas:

- mister de todos os pendores -

Mesmo ainda irrevelado, momento algum
duvidei do seu Fazer, sua Roga, seu Instante
para com o simples morador de vãs que vão
as nossas filosofias;

                                        Esquentem-se para
suportar o Seu calor; esfriem-se para os montes
de cristais de gelo que cairão dos Céus;

E, sê que tu és - Oh!, primeiramente sê que tu
és - e, jamais esqueças de ser que tu és...

Ventura nata, trouxeste-me até aqui e nada
consegui ainda dizer deste espírito tão poderoso:

                                        É de nunca esconder-se,
qual faz-se com tesouros o competido por si; ao
contrário, perfaz-se diante dos olhos e ainda os
mais atentos não conseguem percebê-lo!

Mas estás aqui! Veja, sinta, prove, toque e repudiá-lo-ia
ao primeiro segundo!

                                        És Dele e Ele é teu, assim
mostra-se ao dia, à tarde e à noite. Profere-o para as
pessôas; canta-o com tua voz, ele é a vez da tarde:

                                        Menos seus defeitos é
deveras só qualidades; jura amor e prega-o à Cruz;
é o espírito demoníaco da Paz que em ti remexe-se;

E a mais breve maneira de chegar-se ao chamado
da Vocação; ao Poético na Sombra deste padecer
melancólico do Agora. Onde esconde-se pede por
ser achado.

                                         Espírito, sê conosco um
só; labuteia, retorna e segue sempre o Teu caminho,
mas não despertas ainda que o Sono é parte da
vida como da morte.

                                    ***

Onde fores Tu o receptáculo de Prazeres à Bonança,
fará a nós orgulhosos.

Então, vive desta acrobacia do sonho: remete-Te aos
mais fracos em um porvir de esperanças;

                                           Lanças a Tua tenaz
corporiedade falível ainda a restar do outro mundo
e onde morarem Dúvida e salubridade de pensamento,
leva a carne qu'em Ti breve e parca tremula.

Já como chama, queima!

Esboçado este trêmulo confessionário, volta a
dormir.

Sendo temido ou respeitado - aquilo que melhor
convir, sê esta mostra d'algo incompreendido
onde desmoronará os versos guardados ao peito:

                                       É a esta maneira,
minha cobrança uma condição qual do
barítono gravíssimo em eloquir a Ópera:
Vês qual uma música - com teus olhos
chapados, ao acordar, que tudo só
depende de Ti.

                                    ***

Portanto, chegará à Hora do ventrículo do
coração que pulsa neste compêndio do gole
que sorve a linfa da veia de cada ser -
Universo, quanto respirará já saído de tua
Hibernação e sobre tudo espreitarás as
Revoluções!

Petro  

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