Parte de você
essa dor que consome
sentimento sem nome
delírio d'ensandecer
E feito homem arredio
entrego-me sem esperança
à toda sorte essa que dança
e sobe-me um calafrio
A solidão vasta devora
e qual verso eiro
vejo-me o primeiro
ser que por ti chora
Embaraçado entre todos
fico-me cheio de vergonha
e já não solto da fronha
para fugir sou criança de modos
Dos desafios quero distância
e minha ciência é só mêdo
eu não esperava o engano lêdo
que amar-te fez em mim ânsia
E nos meus destemperos
caído em sufocada agonia
o peito que outrora batia
tornou-se seu bem, seus lamenteiros
Murmúrios estes que m'envolveram
que feito prece salvaram-me uma vez
e levaram-me até onde sua tez
com seus lábios me deram
Beijos de um certo ardor
dos quais sobraram só favas
as destes versos palavras
e o meu, como último, amor
Pretendia por muito mais dar-te
a paz, reinado dos amores
desses comuns mais dos atores
duma novela que virou a tarde
Onde já de longe te esperava
cheio de emoção no peito
por ti guardava o respeito
e de ti o respeito ficava
Qual uma pungência ímpar
um cousa alguma nunca vista
aquela mesma cor da conquista
o derradeiro tom da tela limpa
Antes que os tons das cores
formassem no relevo do quadro
uma matemática de bússola e esquadro
uma intuição minha que doures
E com meus caracteres faça a refeição
das panelas ainda guardadas
do nosso casamento de fadas
cozido com muita paixão
E viveríamos uma vida inteira
juntos, mas fostes tão má
trazendo pra justo emborcar
a nossa chance primeira
Num sem fim de compêndios
um novelo de gato
fez do nosso regato
algo desses arsênios
- venenosas cousas que por fim
levaram nosso amor d'outrora
para bem longe embora -
de seu lençol de cetim
Então cada um prum lado
choro, sentimento devasso
pôs em fim um abraço
que termina qual finda este fado...
Petrecostal
Blog estritamente com fins literários. Peço,por meio desta, aliás, exijo os direitos sobre tudo o que está escrito. Sem brincadeira, respeitem o espaço, para evitarmos complicações judiciais. Agradece, Pedro Costa.
terça-feira, 29 de março de 2011
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