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terça-feira, 29 de março de 2011

Parte de você
essa dor que consome
sentimento sem nome
delírio d'ensandecer

E feito homem arredio
entrego-me sem esperança
à toda sorte essa que dança
e sobe-me um calafrio

A solidão vasta devora
e qual verso eiro
vejo-me o primeiro
ser que por ti chora

Embaraçado entre todos
fico-me cheio de vergonha
e já não solto da fronha
para fugir sou criança de modos

Dos desafios quero distância
e minha ciência é só mêdo
eu não esperava o engano lêdo
que amar-te fez em mim ânsia

E nos meus destemperos
caído em sufocada agonia
o peito que outrora batia
tornou-se seu bem, seus lamenteiros

Murmúrios estes que m'envolveram
que feito prece salvaram-me uma vez
e levaram-me até onde sua tez
com seus lábios me deram

Beijos de um certo ardor
dos quais sobraram só favas
as destes versos palavras
e o meu, como último, amor

Pretendia por muito mais dar-te
a paz, reinado dos amores
desses comuns mais dos atores
duma novela que virou a tarde

Onde já de longe te esperava
cheio de emoção no peito
por ti guardava o respeito
e de ti o respeito ficava

Qual uma pungência ímpar
um cousa alguma nunca vista
aquela mesma cor da conquista
o derradeiro tom da tela limpa

Antes que os tons das cores
formassem no relevo do quadro
uma matemática de bússola e esquadro
uma intuição minha que doures

E com meus caracteres faça a refeição
das panelas ainda guardadas
do nosso casamento de fadas
cozido com muita paixão

E viveríamos uma vida inteira
juntos, mas fostes tão má
trazendo pra justo emborcar
a nossa chance primeira

Num sem fim de compêndios
um novelo de gato
fez do nosso regato
algo desses arsênios

- venenosas cousas que por fim
levaram nosso amor d'outrora
para bem longe embora -
de seu lençol de cetim

Então cada um prum lado
choro, sentimento devasso
pôs em fim um abraço
que termina qual finda este fado...

Petrecostal

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