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sábado, 15 de janeiro de 2011

O que Ela me Faz

O que ela me faz
é drogar-me ao meu pranto
pra ver se eu espanto
de minha sina aquilo a mais
tanto é seu mérito nisso
que já vai em um sumiço
toda dor sentida na paz
de ver-me assim tão distante
ao ponto do que me dóis
neste instante quando os sóis
da doirada estiada tarde
da rede acalma do Sade
enfronha-me cobrindo até o sagaz
momento da verdade em reflexão
ela me serve de uma emoção
tal a extrair de mim a lentidão
e subir-me pela narina
expulsando-me da calma repentina
e enxotar-me do meu canto
só então assim levanto
para o dia doirado a nascer
sobrepuja-me num prazer
já longe daquilo que era manso
para completar tira meu descanso
sente em mim seu coração sofrer
tornando-me desse modo um ser
ou algo só perambulante
uma alma que só vagueia
ela me vem na lua cheia
encobrir minha tez de ardor
eu - quieto - vou-me e já sem amor
semeio-lhe ao seu pranto
dou-me ao vívido o Santo
então ao apagar das luzes
espirro coito à todas cruzes
e peco com ela a tremer
depois só sóbra-me ler
enquanto ela é mais um cigarro
será no dia seguinte ao seu beijo
mais da minha dor de festejo
tal qual um amargo escarro
que a ressaca me atinge
todos os meus poros aflinge
e qual cheia de suas verdades
outra vez dela faço as vontades
com o coração a pungir
sem ter mais como fugir
a elejo minha entre as demais
vou por ela, vou-lhe atrás
e sem ela nada já é
um cheiro numa lata de rapé
sou tão seu, ela nada minha
amigos, amantes, nadinha
somos dois em um só anzol
a puxar do mundo o seu atol
e assim pescarmos um ao outro
sendo um verbo só: ela não ser doutro
caindo cada vez mais fundo
eu vou tão ao pudor; sei-me mundo
dela só não mais me importa
expulsar-me pela porta
nesta conjugada loucura
é ela quem me segura.

Petrecostal

16/01/11

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