Blog estritamente com fins literários. Peço,por meio desta, aliás, exijo os direitos sobre tudo o que está escrito. Sem brincadeira, respeitem o espaço, para evitarmos complicações judiciais. Agradece, Pedro Costa.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Mesa de Jogo

É um perigo esse negócio de jogo. Primeiro, estarem uma trupe de desocupados estendendo o peitoral inclinado sobre uma mesa cheia de cartas. Segundo, a volúpia agradável com que joga-se em passar um tempo ocioso. Terceiro, as bebidas a enervar os ânimos à ponto dalgum jogador perder as estribeiras e entrar a um caminho corporal.
Mas, deixemos um pouco de lado a moral que condena tudo isso: são pessoas - algumas duma certa idade (raras são as vezes onde jovens são bemvindos) - a ocuparem o tédio desprendendo um tano de si e de sua astúcia; pois que bem jogado o carteado pode ser uma diversão, muito longe disso os entraves particulares, digo: quando personagens sãs, aqueles ali ao redor uns dos outros e sentadinhos em bancos podem muito bem serem alegres.
As maledicências é que atrapalham.
Gente sem ter a própria vida para governar vai meter bedelho onde não é chamado: como pode ser chato!
Entrementes, a jogatina continua, sem ter nada a dever a ninguém, rala mesma e sem disso envergonhar-se.
Assim vão-se as horas, dias, semanas, meses e anos, e, acolá na rodinha só mudam os jogadores. Observar por alguns instantes essa ciranda de adultos pode ser proveitoso, ainda mais quando tem-se um conto para falar; mas, senão vejamos: não é sempre dos participantes serem desocupados, e, quando assim, dessa forma - que é vista, são alguns ali já não tão novos a trocarem um cousa alguma de experiência vivida. Por aí é bom. Então não condeno.
De modo nenhum, ao contrário, só vejo de bom brado não estarem roubando ou matando, haja vista roubar nesse quesito não ser tão malquisto como poderia o ser.
Nessa prosódia da vida quotidiana, tanto vão ventos quanto estes vêm, muito vai-se por dinheiro gasto - de algum modo, ou não. Nas mesas mais amenas aquilo que vai são alguns trocados, não farão peso na conta de ninguém -, é desse modo, um jogo que diverte, conduz à alegria de ganhar ou à tristeza de perder. E, talvez esse movimento seja aquiloutro a gerar o vício, mas até o ponto em ser algo bobo, digno de descaso.
Os mais afanados já são um caso em particular, requerem medidas, ponderações da mesma forma dum viciado em drogas; às vezes perde-se o rumo do barco, e para trazê-lo de volta à navegação não é nada fácil.
Há os diversos tipos de players: são já uns metidos na cousa como a uma profissão; entre estes há os mais moderados, que só jogam o que podem perder; os afortunados, estes jogam como se nunca fossem ser derrotados (e raramente o são, em realidade); os perdedores, estes já não sabem o limite daquilo jogado, apenas o fazem por impulso e não saem do lugar onde estão até afogarem-se em dívidas.
Estes são aqueles para o que o jogo só existe com dinheiro; mas há também os que o fazem não menos do que porque divertem-se com aquilo.
Mesmo com essa diferenciação toda, o tipo jogador pode ser conhecido de longe; quando adentra o antro já é revelado por sua própria pose - é o tipo de quem sabe jogar, e não deixa o local sem tirar uma boa onda com a cara dos demais. É de deixar louco a inúmera frente das qualidades de mates que existem, se fôsse listá-los o céu seria o limite.
Entretanto, o momentâneo prazer no jogar, este é buscado por todos dali, é comum vermos espalhadas tabuleiras onde vão as cartas ou peças sobre, tendo sempre ainda os "pirus", observadores das partidas, desejados quando quietos e repudiados quando falantes.
Com alguma argúcia qualquer um pode participar: temos os jogos caseiros também de caráter familiar, e uma infindade de invenções milenares, existentes com o único propósito de entreter. Mas quando uns divertem-se lá, cá o seu narrador brinca com os amigos entre bebidas e tira-gostos, são pessoal, e querem ter momentos alegres em suas vidas: quem há-de condenálos, eu só faço contar .

Petro

08/12/2010

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