Blog estritamente com fins literários. Peço,por meio desta, aliás, exijo os direitos sobre tudo o que está escrito. Sem brincadeira, respeitem o espaço, para evitarmos complicações judiciais. Agradece, Pedro Costa.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

IV

Vaga na poeira o tempo e dirige a noite, e
ao navegar dos pés, o rumo se completa
se a cada nova estância, uma família pobre
acena na luz do candeeiro um convite à
estada...
                                                                            Por aí, formam-se
os vínculos dessa gente aperreada e logo o homem da casa, aos apelos
do estranho oferece uma cachaça.
                                                                             Então, não demora
ajunta-se à festa, o violeiro; a criançada bole a terra - e mulher do canto
à prosa, na beirada do alpendre é que não falta. Sobre o quê conversam,
vai saber: cousa delas mesmo; nem cabe se meter, é como este crispar
queimando noite adentro, acaba nunca.
                                                                             Solapada, à porta
a matriarca.
                               Onde vão os ébrios olhares quando já não faz efei-
to a vinga toda e prevendo os quadrúpedes quem são os homens bêbe-
dos, ela se retira para sabermos, acabou a festa, é hora da debandada.

Os adeuses partem.

Difícil, a cerca longe marca o terreno. Dous dias de caminhada.

Bem co'a cara lavada a cana, vou contente soviando;
a mata rasteira espeta mas nem dá caldo, tendo eu no
passo levado a frente uma chaminha da palidez da lua;
especialmente cheia boa pra ver os bichos à noite que
nesse momento ninguém para. Nem se a brídia do can-
sasso puxa feroz - o esporão tem de ser forte - olhe bem -,
quem fez-me homem do sertão também persegue minha
faladeira noturna virando pra se dizer, parar não pode.
Não pode.
                                                                              Minh'Alma, cobra.
Meu corpo espanta.
                                         Os barulhos ficam uma sinfonia.
As lendas se-me vão sustos e calafrios e, finalmente, na so-
lidão braba vem a calma com a leve brisa que sopra morna
a ceifadora; não para, não
                                                                                                        [para.
Enesimado, virá setembro.
Meio assim, eu cambalacho.
O efeito desfaz-se a cachaça, pede dormida; mas não pode.
Sinaleira, a lua no chão faz um branco - dá um medo aquela
brancosidade vinda debaixo vai comendo meus passos encurtan-
do, cansando - e vira-me em assovio uma antiga canção na
memória, o bico do beiço duro; soviando, soviando a madrugada
inteira.

Até o primeiro sinal da aurora.
Eliminado um dia.
E vivo.

Ferro, o homem do sertão aquece rápido. Volta a coragem.
Primeiramente, exercita o quengo - pensa pra cá, pensa pra
lá. As visões se vão, o talhado do trigueiro já é visível. Camarada,
vai bem lento pra não esgotar o limite da saúde; prende o cerco
na algibeira.

Separa o facão.

Petro

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