Agradecer

Agradeço ao braço do acaso
À argumentação da robusta égide
Que sob pena me pede
As semanárias suspensas ao vaso
Carregado das flores da semana
Aguadas de vez em quando
Sombria de quase negra a pestana
Fecha-se para minha prece
Do Deus ao meu amor que desce
Agradeço enviando- lhe minha Gana
Se sou essa pessoa a toda vez
Soçobrar da febre louca
Então é que finco a roupa
Do Domingo para sumário mês
Adentrar aos portões da igreja
Pois, amigo, quero que você veja
Quanto há lá para se agradecer
Tão maleável o passar da lida
Eu sou uma fiel atida
Ao meu corpo ler
Sinais de uma verdade
A poupar-me a castidade
Para assim triste me ser
Então até mesmo a tristeza
Para mim vale de beleza
Exótica, vou que danço
Na rede vou à balanço
A Bíblia para ler
Pois amigo, sou devota
E já pago minha cota
Todo dia a agradecer.

Carmem Paiva