Naquele abraço gelado; corpo apertando corpo: sem par.
Em todas as ocasiões em que vejo-me só e sem amparo.
Nestes sóis de acaso, brilhando apenas para poucos.
Sobretudo nos menos abastados, em que tudo é implória,
a cada vez onde chove, parecendo chover somente em si,
e no duro labor, este de à cada dia dispendia-nos todas as
energias.
Moram aí, decerto, pavores horripilantes até mesmo para o
mais temeroso
[homem.
Acorrentam-se os seres do submundo saciando sua fome com
os sonhos alheios.
Uma vez libertos, perseguem àqueles onde sua fraqueza
mostra-se mais
evidente.
Soltos, persecutem os talentos dos abençoados; doidivanas
vão ficando até
quando loucos
por
[fim
Ele, ainda na pele da menina fria,
a abraçar-se solitária,
aos deuses que floreiam, em certos ocasos, o difício caminhar
dos mortais - pedia:
com tantos outros, por que haveria de ocorrer justo consigo
isso,
pedia, a quem estivesse por perto, bracinhos dentro da camisa
a menininha gelada.
Há o suposto feitor do paraíso - Oh! Gênio herege...
ainda
assim, estava lá.
Humilhado ao pé da calçada, o próprio deus feito homem com
um chicote de fogo arden
do
Em seu corpo duro de trincheiras duma guerra antiga
que nunca chegou a terminar.
Por todos os pedintes ou poetas; alegres ou tristes em
serem o que são, pedindo
ou simplesmente escrevendo.
À agonia do frio a congelar a espinha daquela flor poluída:
era ele mesmo a mocinha com feições delicadas, suja de mundo.
Mas, se pedia era porque era humilde e tinha
ser dessa
[feita.
Se já não se enganava, estava ali porque tinha
qu'estar;
E, sem dor dormente: pedia, pedia com o ca-
lor
este que lhe cabia; acochada feito os braços del
gados.
Duas almas, dous corpos, a um copo, muita calma...
De um espetáculo para os transeuntes, a barba branca o fazia
mestre do
[pedintismo;
naquele recipiente esquelético e gélido, sentia.
E sentia muito mais; aquilo que nós mesmos sentimos quando
trabalhamos e,
sem pensar sequer em futuro algum - só havia para ele o agora: para
ela, o momento
e tanto frio, tanto frio que enfeiou tudo de uma vez...
A Deus, Único à quem poderia pedir, pedia: por não pedir e,
transbordado em
humilde
canto: - Ele pedia, porque era humilde; porque era ela e eles
eram juntos, Deus
[mesmo.
E, não pude passar sem ver. Lágrimas em serpente ao meu cora
que nem bateu
naquele
instante.
Aos seus passados, e tudo o que já foram um dia, não mais o
queriam deste modo:
deste modo; desta droga e bálsamo.
Pedia por aquela garota rubra de negridão, como pedindo também
ela para com alguém
Dividiam então o mesmo abraço, apertado e da criogenia duma
poesia sem
pétala.
Seria só deles o mundo: mas o pior brotou duma ranhura de asfalto
e, de repente, havia
a quem pedir.
Tanto negro como doce é o futuro de
quem viu tão medusênica
[cena
Serviu - a mim - para virar-me os intestinos
de tanta comoção e, da alegria deles
Pedi.
Por eles, por mim; pela Arte e pelo Demônio;
que este frio demore a me afetar.
Aos céus: a praça inteira tingida de sangue que respira e vê:
pedia pela pequena mulher que acabasse com isso de um átimo ou o mundo
morreria de tamanha beleza; ninguém a podendo
[suportar.
Ainda assim, ele pedia. Ela, morria.
Mas não estamos a morrer todos nós?
E, justo, por tal razão desgovernado ia eu passando:
Ai!
Por passar somente, nunca odiei-me tanto! Por passar, apenas,
Deus.
Então, minhas sinceras condolências, todas as nuvens pesadas chorem
porque não mais tinha nada a ver; noutra ora talvez; quem
o fez pedinte
também o fez
Deus,
para ela - ela não pedia; apenas perdia a vida respirando.
Petro.
Blog estritamente com fins literários. Peço,por meio desta, aliás, exijo os direitos sobre tudo o que está escrito. Sem brincadeira, respeitem o espaço, para evitarmos complicações judiciais. Agradece, Pedro Costa.
terça-feira, 6 de setembro de 2011
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