As batidas na porta de Lia Caruso, advogada criminal ecoaram no gabinete, trazendo ao ar uma barulheira dos infernos. Lia, virada sobre a mesa, executando pedidos e abrindo portarias, sem prestar atenção, no que a amiga entra, com o corpo agachado, engatinhando e sem deixar de fazer com o dedo um sinal para que se calasse a outra.
- O que houve? Sussurrou Lia Caruso com uma cara sem expressão. Assim, como dobrava os joelhos em posição cômica, chegou à irritar sua amiga, Deise. Puxando-a para junto de si, Deise Silva abriu seu estojo e de lá tirou um espelhinho de bolso para ver pela abertura da porta do gabinete da outra; e ficou vigiando com cautela.
Os passos ecoaram na calmaria e sumiram no silêncio daquele andar. Certa de que tudo estava já em ordem, esperava apenas alguns minutos para tomar fôlego e poder contar com detalhes o que acabara de lhe acontecer. Durante todo o tempo em que, calada, ouvia o relato da amiga, a advogada tomava notas de tudo que ali acontecera. Tratou também de deixar-lhe um aviso para ter cuidado com o que fôsse fazer dali pra frente, pois quem entrara em seu apartamento não era algures, estava querendo alguma cousa, talvez com ela mesma, e, assim tomaram coragem para ir ver o que a estranha visita havia feito na casa de Deise. A porta entrabriu-se com um pequeno empurrão de Lia. As caras das mulheres entre a porta entreaberta provocariam risadas, não fôsse tudo tão trágico. O que elas viram ao entrar ali: tudo destruído, as camas desfeitas, sofá rasgado, geladeira destruída e todos os pertences de valor que estavam mais à mão sumidos. Precipitaram-se para o delegado Jairo Singular para contar o ocorrido, gritando no meio do caminho o ensaio do que seria dito para o oficial Justiça.
No que chegaram lá, não conseguiram de pronto encontrar o oficial de Justiça, tudo o que haviam ensaiado perdeu-se no vento e ficaram por imaginar onde havia de estar o homem responsável pelos rumos do caso da morte da Sra. Nicolau. Talvez tivesse ido para a casa da Messejana, número 94, onde passava seus dias livre o Sr. Irlo Nicolau.
Não deu outra. Assim que chegaram, as amigas foram recebidas por um magrelo vestido enfiado dentro de um uniforme sujo e mal pago. Este era o cabo Osório Jacaúna, tipo esguio e sorrateiro de olhar atento e preceptor.
- Então? O que as duas querem?
- Viemos falar com o oficial Jairo.
- Sinto muito, o oficial Singular teve que dar uma saída. Passou por aqui, porém dirigiu-se à casa da Sra. Nicolau, morta e motivo do caso.
- Quer dizer que não podemos entrar? Eu sou advogada do dono da casa. Apresentava-se Lia de modo distinto.
- Mas o Sr. Nicolau não está. Teve de sair com o oficial Singular para a casa de sua tia avó.
- Como assim? Não podemos entrar? Já te disse, temos quesitos de responsabilidade do Jairo.
Inscipiente, o cabo Osório desatou em uma risada fina e de mal gosto para as moças; de pronto, elas sentindo-se ofendidas deram um empurrão no homem e adentraram aos gritos de Pare! do cabo que, às passadas largas, as perseguia, chegando inclusive a tocar Karmen Caruso no braço que, com uma sacudida, desvencilhou-se acabando as duas por adentrarem assim mesmo e, para sua surpresa, quando chegaram à porta encontraram o oficial Jairo Singular, com seus 1,60m e olhos aguçados na direção das duas primas.
Blog estritamente com fins literários. Peço,por meio desta, aliás, exijo os direitos sobre tudo o que está escrito. Sem brincadeira, respeitem o espaço, para evitarmos complicações judiciais. Agradece, Pedro Costa.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
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