Do outro lado da cidade o oficial de Justiça Jairo Singular encontrava-se em sua repartição moendo em mente os últimos acontecimentos. Muito se passava por sua cabeça. Os detalhes do seu mais novo caso que envolvia a morte de uma figura importante da sociedade tomava-lhe o tempo há alguns dias. Espremia os olhos para ler o que os jornais diziam sobre o caso que conduzia com a ajuda do esquálido cabo Jacaúna, seu subalterno sempre atento às suas ordens. As notícias não o ajudavam. Aparentemente achavam que estava conduzindo tudo muito devagar e as críticas a sua pessoa eram fortes e contundentes. Mas o experiente Jairo Singular já havia desdobrado casos muito mais complicados. Quanto à este, tendo por base algumas informações conseguidas através de seus contatos espalhados por toda a cidade, conseguira elucidar já alguns pontos que julgara serem de valia para que acabasse tudo bem, ou seja, com a prisão de um culpado e os objetos de valor restituídos em quantia de mesmo pêso financeiro.
Jairo era uma pessoa muito ocupada e seu nome conhecido por já ter solucionado homicídios, sequestros e alguns pormenores judiciários também. Sua assinatura costumava correr na imprensa constantemente e era conhecido por ter mandado criminosos do alto escalão para a cadeia. Sua fama não parava por aí. Era persona reconhecida em quase todos os tribunais e delegacias do estado e todos seus conhecidos diziam ser sério e incansável trabalhador, deste que nem férias tiram. Como a maioria dos polícias capazes de alçarem vôos tão altos, não possuía família, mulher ou filhos, vivia para o trabalho, evitava sair muito para não ser surpreendido pelos seus inimigos; mas, sempre que o fazia, procurava algum bar na zona oeste da cidade, onde sorvia com preguiça uísque "onthe rocks" e pitava sua cigarrilha quase sempre de conversa com alguns dos garçons menos ocupados, quase sempre seus conhecidos. Também andava sempre armado e, em algumas ocasiões irritava-se com algum mais bêbedo, mas resolvia seus problemas na conversa e raramente saía no tapa com alguém, a não ser que fôsse extremamente necessário, o que quer dizer: só brigava nas últimas consequências. Andava com ele, também mas só às vezes, o cabo Osório Jacaúna à quem já conferi algumas linhas à respeito. Jacaúna era um homem novo e cheio de vontade de aprender apesar de um tanto estabanado nas ações mais violentas. Sempre seguia o oficial de justiça em suas andanças, e apoiava-o em sua maioria, nos casos que o delegado apanhava. Jairo Singular tinha certo prezo pelo cabo Jacaúna e os dois, apesar dos pesares, entendiam-se muito bem.
Nesse instante, Jairo Singular e o cabo Jacaúna encontravam-se juntos, em um distrito policial um pouco afastado. Enquanto o oficial de justiça folheava um jornal, meneando a cabeça para a esquerda e para a direita. Em sentido, Jacaúna fincava posto em frente à porta do gabinete em que Singular encontrava-se sozinho.. O cabo observava o movimento do lado de fora. Algumas prostitutas descabeladas, sentadas com as mãos presas por algemas, respirando ofegantes, parecendo ainda sentirem seus "clientes" no calor do momento; malandros de todos os tipos passeavam pelos corredore indo e vindo com a cabeça vinclinada e queixo enconstando no peito; uma plaquinha no alto da porta da sala do delegado do distrito continha os dizeres em "O crime não compensa"; o escrivão batia cousa alguma num computador; mais para dentro, podiam-se ouvir os gritos dos presos e sentir o fedôr emanado dali.
Entre uma xícara de café e outra, Jairo Singular lia as mais quentes notícias do caso do qual era o encarregado.
A cousa toda tomara uma dimensão inesperada para o delegado que, com a mão limpando o suor escorrendo da testa enrrugada, lia e relia as linhas sem poder acreditar no que estava ali, bem diante de seus olhos. Finalmente havia conseguido um caso à sua altura. O desmantelo em que encontrava-se a casa da Sra. Nicolau e a falta de rumo das pendências despertavam deveras o interesse de Singular que já pensava no que iria fazer no dia seguinte, ao que o relógio de pulso marcava mais de onze.
Juntando seus pertences para sair em direção à sua casa, entrou em seu carrinho modesto e que lhe fôra de muita dificuldade de aquiescer ao que o cabo Osório Jacaúna, não sem permissão do chefe Singular, retirou-se para a casa da namorada, uma sirigaita desabochada que o fazia feliz nas noites mais cansativas, chamada Vânia e de quem o sobrenome nem mais importava-se em lembrar-se. Lá chegando, foi recebido com uma cerveja gelada e muito carinho, como devia de ser, deitaram-se mais aquela noite juntos, e adormeceram na mesma cama sob o mesmo teto, assistindo aos noticiários da madrugada.
Blog estritamente com fins literários. Peço,por meio desta, aliás, exijo os direitos sobre tudo o que está escrito. Sem brincadeira, respeitem o espaço, para evitarmos complicações judiciais. Agradece, Pedro Costa.
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
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