Houve um gênio literato, que há muito tempo escreveu uma estória deveras curiosa; ele já por si tinha peculiaridades decerto inusitadas e à sua loucura a chamava vaidade mesma.
Esse homem, além de muito sozinho, tinha problemas em estender sua personalidade ao social como um todo e, apenas através da escrita podia valer-se dela para que os demais tivessem, vaga que fosse, idéia do que ele era e de sua personalidade.
De tão esquisitas, suas narrações nunca foram bem recebidas pelo grande público; apenas um punhado de leitores ávidos formavam um pequenino grupo auto-entitulado fã-clube, essa junção da palavra em voga naquele tempo fã, adicionada da outra a qual servia para designar o grupo.
Foi desta pouca popularidade que erijeu-se o único conto seu a ser conhecido por um número maior de literatos e entre o povo leitor como um todo. De outra maneira não podia ser senão um seu título bem adverso a quaisquer outras investidas criativas da época. E chamava-se justamente, o Reino da Pipoca Amarela, o qual cá disponho-me a relatá-lo bem próximo de como era na realidade.
Acontece que para esse gênio, tudo o que jazia sob o sol tinha vida. Isso incluso cadeiras, mesas, pedras, etc, etc. Então, coube à ele, imbuído desse modo de pensar, escrever sobre a existência de um reino onde tanto o rei quanto a nobreza e os súditos não passavam de, nada menos, que pipoca amarela. O chamou pelo título então e como aqui já foi dito de O Reino da Pipoca Amarela.
A principal característica do Reino da Pipoca Amarela era sua divisão autárquica, a qual partia do Rei e da côrte, todos banhados de manteiga mole da melhor qualidade e salgados à temperança de modo que, se provados fossem, seu sabor seria nem muito e nem pouco salgado; além de sua constituição ser de fato nem muito dura nem mesmo seca demais, dando ao Rei e à côrte uma constituição crocante ao paladar mais exigente.
Descendo na hierarquia, teríamos os nobres, que também recebiam uma boa calda de manteiga da terra, mas que eram um tanto mais insossosao que consta do gênio o referente ao seu sabor e textura, esta última um pouquinho menos crocante, como uma bacia anterior à mais recente; como aquela pipoca que remanece ao fundo da pipoca quentinha feita na hora.
E, por fim, os súditos leais ao seu rei, que andavam, ou carregados de sal ao ponto de atiçar se gosto, atacando o paladar do que o prova, ou, por outro lado, completamente sem gosto, gerando repúdia não só às mais exigetes bocas como aos que, de maneira geral, possuem afeição por pipoca. Além disso, andavam por aí assim, sem um pingo de manteiga em suas constituições e nem bem envergonhavam-se desse fato, o que completava sua falta de sabro junto com seus corpos de milho quase sem a capinha branca, como pipoca mal estourada e, quando não era isso, eram todos bem brancos e cheios, mas com uma textura comparável ao que sente aquele que prova, por exemplo, um pedaço pequenininho de isonor.
Fora tudo isso no Reino da Pipoca Amarela e como conta o autor da estória, haviam de haver também estórias míticas de batalhas contra outros reinos, como o da Pipoca Doce, ou contra o Reino das Batatinhas, todas narradas até em detalhes por esse gênio que incubido de estender seu conto ainda por mais nuanças e detalhes, também anarquizava as regras da razão e da sensatez, criando para si mesmo personagens tais quais pipocas que andam sobre cavalos ou pegam em enxadas e fazem estourar revoluções, além de dar vida a demais guloseimas como o algodão doce, ou a castanha de caju e, com tantos regrados argumentos, vai aumentando aquilo que para alguns leitores é apenas delírio, e que para outros é um arroubo de criatividade.
O conto do Reino da Pipoca Amarela tem em seu final a explicação de por quê pipocas amarelas e não azuis ou verdes, azuis, algo que ao momento me escapa à memória, mas que já foi dito e redito muitas vezes pelos que amavam esse gênio, esse seu fã-clube, e, que inclusive levaram seu nome aos Anais dos Grandes Contistas, onde brilhou como um dos maiores de seu tempo.
Petro.
13/04/09
Blog estritamente com fins literários. Peço,por meio desta, aliás, exijo os direitos sobre tudo o que está escrito. Sem brincadeira, respeitem o espaço, para evitarmos complicações judiciais. Agradece, Pedro Costa.
segunda-feira, 20 de abril de 2009
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