Até que ponto vai a imaginação do ser humano? Até que ponto cremos nas
histórias, por mais absurdas que pareçam, que nossa mente cria com o intuito de
distrair-nos da problemática vida cotidiana? Até que mundos fantasiosos nos leva a
força do pensamento, de modo que nos transfiramos de vez para outro universo,
enquanto nosso corpo bóia num plano diferente do que nossa mente se encontra?
Seria possível criar, em nossas cabeças, um enredo, com espaço, tempo e perso-
nagens, que nos parecesse tão ou mais real do que a própria realidade e que, a
partir daí, possamos viver simultaneamente em dois universos distintos sem poder-
mos distinguir com precisão qual dos dois é o fictício? Vem a ser até um exercício
válido, de modo que o que sugiro aqui é o direcionamento do pensamento para
situações novas e inusitadas, sugeridas por ninguém menos do que você. Situa-
ções que aparentemente não existiriam se não fosse o fato de que tudo o que sua
mente cria, ganha um tom de veracidade tão ou mais verdadeiro do que, por exem-
plo, o que você está lendo agora. O que quero dizer é que nada impede de que esse
texto seja uma carta medieval escrita em um pergaminho, endereçada ao rei da Inglater-
ra. Só depende de que sua capacidade imaginativa torne isso um fato verídico. Es-
se é o ponto. Não seria tarefa árdua imaginar, além da carta, o lugar que você está
lendo como um quarto na torre, seu carro como um alazão, aquela casa grande
perto da sua como o castelo e as pessoas que nela vivem como o rei e seus súdi-
tos e eu iria ainda mais longe, a ponto de sugerir que você fosse até lá e falasse com
o dono da casa como ninguém menos que o rei da Inglaterra e seus familiares como
súditos reais e, ainda mais do que isso, que acreditasse nisso tudo com tanta veemên-
cia, que conseguisse conciliar o seu universo imaginativo com o seu universo "real".
Como fazer isso? Bom, é claro que você não iria chamar seu vizinho de rei e seus
parentes de corte real, príncipe e princesa, etc. Desse modo seria julgado como lou-
co e provavelmente internado. O que principia a fusão dos universos é justamente
o modo como você constrói as pontes entre os dois, e isso consiste em suas for-
mas de tratamento, de se portar perante as pessoas e nunca deixar que descubram o
que se passa pela sua cabeça, o que será uma consequência natural, já que a edi-
ficação dessas pontes mentais entre os universos irá lhe proporcionar a verdadeira
vivência em ambos. Só assim o fictício e o real se tornam o mesmo, presentes no
mesmo plano e você, ou melhor, sua imaginação será a argamassa que manterá
rígida essa insólita unificação. Assim como nada é 100% verdade, ou seja, sempre
existem verdades subjulgadas à outras verdades, não teremos nunca a certeza de que
o que estamos vivendo é real ou não, portanto, não podemos viver sem experimentar
o máximo de nossa capacidade como seres humanos pensantes, afinal, não é
à toa que estamos aqui.
Fortaleza, 28 de outubro de 2002
Blog estritamente com fins literários. Peço,por meio desta, aliás, exijo os direitos sobre tudo o que está escrito. Sem brincadeira, respeitem o espaço, para evitarmos complicações judiciais. Agradece, Pedro Costa.
domingo, 20 de abril de 2008
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